quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Quando eu tinha acabado de fazer 15 anos, minha mãe resolveu passar o fim de ano com a família dela, em Brasília. E como eu tinha 15 anos, não adiantou eu passar semanas reclamando e jurando que eu não ia por nada no mundo e talz. Claro que tive que ir com ela.

Depois de 18 horas, de ônibus, até lá, chegamos na casa dos tios/primos na mamãe. Minha infelicidade ao reparar que a pessoa que tinha a idade mais próxima a minha era... a minha mãe, 22 anos mais velha que eu, foi sem tamanho. "Mas a casa tem piscina", ela tentava me consolar. "F*da-se a piscina! Só tem gente velha aqui, que que eu vou fazer nesses 20 malditos dias??". A última cartada dela foi: "Tem a filha mais nova da Grazi, ela tem a sua idade e vocês podem ser amigas".

Aliás, por que todos pensam que até os 18 anos nós podemos ser amigos de qualquer pessoa que tem "a sua idade"? Fiquei pensando isso, e também que "essa menina deve ser mó patricinha escrotinha e babaquinha, cheia de merda e fútil, que não conhece uma música ou filme decente na vida!! Aliás, não deve ter lido um livro que preste! Humpf!"

Na véspera de Natal, conheci a tal menina. Ela olhou para minha cara e falou: "Quer jogar WAR?". Fui jogar. Em 15 minutos ela falou que ia jogar boliche com os amigos no dia seguinte, e me chamou para ir. Eu também fui. Depois fui dormir na casa dela. Dois dias depois de nos conhecermos, passei na casa dos tios e peguei minha mala, para ficar direto com a Inaê.

Foram cerca de 20 dias que não poderiam ser melhores. A menina era igual a mim. Os mesmos gostos (um tanto peculiares para nossa idade), jeitos parecidos, humores, conversas... Dias depois ela inclusive me confessou que queria ter viajado, e a mãe dela não deixou. Ela ficou puta, e a mãe dela falou "Mas sua prima do Rio vem aí... Ela tem sua idade, vocês podem ser amigas..." Preciso dizer que ela pensou de mim EXATAMENTE o que eu tinha pensado dela?? Pois é, pensou...

Enfim, ficamos muito amigas. Passamos o resto do ano nos correspondendo por cartas (aquelas de colocar no correio, lembra?!), e falávamos tudo e sobre tudo nessas cartas. Depois disso, foram muitas correnspondências, alguns outros passeios para Brasília (e por opção minha), vindas delas ao Rio, muitas conversas, mais cartas.

Com a minha prima, aos 16 anos, vi "The Wall" na casa dela e passamos horas conversando sobre o filme (e até hoje eu digo que esse foi um dos filmes que mudou minha vida, muito devido a essa conversa com ela). Recomendávamos, uma para outra, bandas, músicas e filmes. Tínhamos intermináveis conversas adolescentes, e algumas até de gente grande. Nossa, o mundo cabia naquelas linhas que mandávamos pelo correio.

Quase 10 anos depois, não nos falamos tanto. Mas no início do ano ela esteve aqui, e foi a mesma coisa. O mesmo papo sem fim e o mesmo carinho. Além de amigas, somos primas, o que garante que sempre teremos isso.

Pois bem, há um mês, descobri que aquela menina que eu conheci resolveu virar adulta de vez. Hoje, minha prima, que eu amo tanto, já tá com uma barriga de 5 meses de gravidez. E o que me deixa mais feliz, é que sei que ela será uma mãe maravilhosa. Vai dar para filha dela os pilares para que ela se torne uma grande mulher, como é a mãe. Vai ensinar os valores tão admiráveis, e infelizmente tão raros hoje em dia. Vai enchê-la de abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim. Vai criar uma pessoa justa, inteligente, educada, divertida e sem dúvida, muito amada!

E de quebra, a-pos-to que vai ser a criança que mais entenderá de mpb, em toda capital brasileira!!!!!

Não sei se a Ná vai chegar até essa singela homenagem, mas deixo aqui o registro de todo meu carinho e admiração por ela, e os mais enormes votos de felicidade para a família que ela está começando!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Acabei de ver um filme que eu já queria assistir há tempos, mas nunca me esforcei. Sei lá, embora parecesse legal, tinha cara de ser “Geração MTV” demais para mim. I’m sorry, mas essa não é minha geração!! Enfim, insônia + TV a cabo podem trazer surpresas, e essa foi uma.

“Escritores da Liberdade” é uma daquelas velhas e batidas histórias de alunos-da-periferia-rejeitados-por-todos que encontram nova-professora-cheia-de-esperanças-que-os-escuta-e-respeita. Qualquer um lembra de cinco filmes com o mesmo tema. Mas comecei a achar interessante quando rolou o paralelo entre os problemas racistas e sociais vividos por aqueles meninos, com fatos históricos como o Holocausto ou a própria segregação americana (dois fatos assustadoramente recentes). Apareceram no filme jovens com todos os tipos de problemas, que ali descobriram que podiam ser “heróis de verdade”. A tal professora acreditava neles, ao contrário do resto da escola, e passou confiança para eles, transformando pessoas sem perspectiva em cidadãos.

Blá-blá-blá, eu caio em todas, e lógico que caí nessa também. Tenho certeza que educação é a mais forte base de uma sociedade. E como o filme falava disso, foi fácil me ver envolvida. Mesmo assim, continuei pensando: “Rá, rá!! Té parece que, sei lá, vinte pessoas realmente fariam isso. Só em filme mesmo, fato que rolou uma exagerada.” Bem, Rá! para mim!! No fim do filme descobri que é história real. E que uma pessoa realmente mudou a vida de gente (muito) fudida, e que a partir disso foi fundada uma organização que atua em todo o EUA.

Agora me vi, de novo, pensando em questões que me fascinam e assustam ao mesmo tempo.

Como eu já disse: acredito que educação e informação são os maiores trunfos de uma sociedade, e que a levam ao crescimento, melhora social, enfim, tudo aquilo que todos sabem que o Brasil precisa. E sempre tive vontade de, de alguma maneira, fazer parte disso.

Mas como???

Os problemas aqui são diferentes, vêm de muito cedo. Não são apenas jovens que entram para o crime aos 15 ou 16 anos. São crianças armadas, que com seis ou sete anos já sabem que provavelmente não irão chegar muito longe. Elas vêem isso em casa, no lugar onde moram, e em todos os olhares que recebem.

Como então levar essas crianças para a escola, e ali lhes dar alguma perspectiva? Tendo uma noção da realidade, como me convencer que isso pode ir além da teoria?

Claro, vemos alguns muitos programas sociais atuantes. Mas que envolvem, principalmente, música e esportes. Bom, muito bom, claro!! Mas quantos têm foco realmente no estudo, no aprendizado? E aqueles que não são atletas ou artistas, como ficam??

O filme mostrou a possibilidade de dar esperança, através de outras histórias tão reais quanto as deles, que mesmo em outro lugar e outra época, têm muito a ensinar, principalmente sobre luta e dignidade. E a história e a literatura estão cheias de outros exemplos. Além disso, temos o cinema e a internet, que oferecem uma quantidade sem fim de possibilidades, colocam o mundo ali pertinho. E o que vemos no mundo, pode ser facilmente aplicado no que vemos ali na esquina.

Mas é preciso, antes de tudo, ter quem queira ouvir. É preciso acreditar, e é preciso sair da teoria e ir para a prática.

Teoria x Prática, aliás, é a parte que me assusta. Se agora jogo todo esse papinho mega manjado (ou alguém viu novidade aqui??), amanhã, andando na rua, vou desviar de qualquer pessoa “suspeita” que apareça no caminho. E pode ser a mesma pessoa que eu tô falando aqui que precisa de respeito. Aliás, provavelmente será. Mas e aí? A noção de segurança nos diz para agir assim. Como ilustrou a melhor amiga: “quando eu parei de desviar, fui assaltada”.

E daí vai o círculo vicioso: o medo, que leva ao preconceito, que leva à falta de oportunidade, que leva à revolta, que leva para o crime, que leva à insegurança e daí de volta ao medo.

Onde que deve entrar o primeiro passo? De onde começar? Como fazer a tal da educação ser prioridade (de quem recebe e de quem oferece)?

Rá, de novo me encho de perguntas e não faço idéia de onde procurar. De novo, nas palavras da Paty: “te conheço há mais de quatro anos, e você sempre teve essas coisas na cabeça...” Pois é, morro de medo da hipocrisia que vem com esse papo todo, do discurso ser ainda mais vazio. Em quatro anos, o que eu fiz?
Nada. E quando vou começar?? ...

Desânimos a parte, não deixo de acreditar que é possível siiimmmm ser diferente. É aos poucos, é trabalhando com a infância, leva tempo, mas é possível... Mostra para a criança as possibilidades. Faz ela gostar de estudar, de ir para a escola. Faz ela querer aprender, ficar na escola. Mostra pessoas de verdade, que são os verdadeiros heróis, de carne e osso, como elas, e assim elas verão que ser herói não é andar armado.

Valoriza cada conquista, escuta seus sonhos, suas vontades, respeita os erros, ajuda a melhorar. Leva a família para a escola, já que educação tem que partir de casa. Mostra a importância do bom lazer. Apresenta a cultura como uma forma de lazer, também. Cinema é caro? Então leva os filmes até elas. Ensina o prazer da leitura, e como elas podem ir longe com os livros... E muita, mas muita conversa. Todo mundo quer se sentir importante...

Quem sabe aos poucos a gente não chega lá?

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ontem não foi um bom dia para sair de casa. Muita chuva, muito frio e aula chata. Tipo, mundo hostil mesmo, saca??
Mesmo assim, fomos. No caminho começa a Patsy "baby love.. my baby looove, tchu-ru-ru-ru".Segue o diálogo:

"Rá! Viu MTV ontem na madruga, nééé??"
"Viiii! Meeega sessão Motown fodaça!"
"Cara, Aiiiiin't no mountain high enough, ain't no valley..."
"Poooo, também teve Jackson Fiiiive"
"Super vou baixar tudo isso hoje!! Aliás, será que rola um CD, tipo Os Melhores da Motown?? Eu queeeero!!"
Entramos, depois de 40 minutos de enrolação, na aula mega-animadona (oi? conhecem sarcasmo, né?!) de Legislação. Aula com projeção. Rá! Aula inteira de sussurros musicais (já repararm como essas músicas grudam??), além das sempre presentes críticas ao resto do mundo.
Já em casa, no msn, começamos a passar vídeos com essas músicas. Quando chegou o vídeo de Friends ao som de "If you need me, call me, no matter where you are...", olhinhos cheio d'água. Sim, tenho um tipo estranho de sentimentalismo idiota. Confessei isso para ela. Ela me confessou que também, e que acha que personagens são amigos dela.
Para minha sorte, ela é obssessiva, e tanto procurou que achou um link para baixar os 100 maiores sucessos na Motown (e eu esperando 20... Rá! Santa inocência...). Tudo bem, o site era em russo.. ou grego... ou qualquer outra língua que não usa o nosso conhecido alfabeto. Mas, minha amiga fodona descobriu como fazer para baixar. Tá, na verdade a parte importante era em inglês mesmo, mas, whatever... Estamos agora brigando com nossas respectivas conexões para pegar os 5 cd's e dar uma festa!
Mas voltando ao sentimentalismo idiota: vendo o elenco de Friends e ouvindo aquelas músicas, reparei que qualquer hostilidade do mundo tinha se dissipado naqueles momentos cantantes e falando merda no msn. Mandei depoimento-cafoninha-com-música-bonitinha para ela (três chances para adivinhar a música.. Mentira, nem me darei ao trabalho de falar! Rá!). Ela respondeu com outro, nos mesmos moldes, com outro pedaço da mesma música.
Nessas horas fico com pena de pessoas que não se deixam alcançar por amizades, que se fazem inacessíveis e que não sabem o que é ter uma Melhor Amiga para esses momentos de ócio, onde você pode falar qualquer bobagem que vai ser extremamente bem recebido e divertido. Aos que não tem isso: lamento, muito. Aos que tem: aproveitem, sempre. Aos meus amigos: obrigada, de coração!

Ócio bem aproveitado


ps. não somos sempre assim. Aqui tem um bom exemplo de quando resolvemos ser hostis também. E aqui nesse humilde espacinho, deverão aparecer outros exemplos!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Adeus!, Lênin

Terminei o colégio com 16 anos. Então, fiz vestibular com essa idade. O último campo que eu preenchi foi a escolha do curso. Eu queria cinema, mas só tinha na UFF e eu fiz prova para a UERJ e UFRJ também. Na hora de enviar a inscrição, escolhi História-Licenciatura.

Cara, eu tinha 16 anos, não estudava porra nenhuma, e nas aulas extras para o vestibular eu achava mais jogo ir para a praia (porque com 16 anos, eu gostava de praia), do que perder mais tempo na minha (extinta, juro!!) escola. Eu, minha família e meus professores sabíamos que era impossível eu passar. Principalmente minha mãe, que antes mesmo de eu fazer as provas, já me falava para ir procurando curso para o ano seguinte. Hein?!?!

Sabe-se lá como, passei. E com dezessete anos me vi matriculada em História, na UFRJ, melhor ainda, no IFCS. Como só começaria as aulas em agosto, tive alguns meses para me convencer que eu gostava da idéia, que ia ser professora em escola pública, formar cabeças jovens e, consequentemente, o futuro do Brasil. (pausa para risos alheios... super mereço!)

E lá vou eu para o IFCS. No primeiro dia de aula vi 7 pessoas chamando umas as outras de "Companheiro". Sim, COMPANHEIRO!!! Me perguntei se eles vieram diretamente da RDA. Nesse mesmo dia, fui chamada para entrar em 3 partidos políticos diferentes. Rá!! Honey, super quero um mundo melhor, mas não vou fazer isso em uma sala pequena, obscura e com o ventilador de teto quebrado, com "companheiros" gritando "Abaixo o McDonalds". Hum... não!! E aos 17 anos eu já sabia disso. Diplomacia de primeiro dia em lugar novo, falei que pensaria no assunto.

Na mesma semana, já vi que a onda política era mais papo de bar do que outra coisa. Alguns de meus coleguinhas achavam que sentar no Araponga (nome do pé-sujo do povo de história. Saca o banheiro de Trainspotting?? Pois é...) e falar mal do "povinho da PUC" era mega-revolucionário. Aquela velha discussão CAPITALISMO x SOCIALISMO?? Hum.. tava mais para maconheiros-que-fingiam-não-ter-grana (IFCS) x maconheiros-que-têm-dinheiro-sim-e-daí? (PUC).

Felizmente, logo me aproximei daqueles que seriam meus amigos por todo o tempo que fiquei lá. Falávamos de coisas normais, tipo filmes, músicas, futebol, casos... E quando chegava na política, me agradava ver que, embora muito inteligentes, ninguém ali se achava discípulo de Marx. Aliás, sódisacanági, falávamos que o cara era meio mala e viajava demais... Saímos vivos, não sei como.

Sobre as aulas?? Confesso que não fui exatamente assídua, lembro de muito pouca coisa. Mas aprendi que os pombos foram trazidos pelos europeus (por falar em idéia de merda...), que a Av. Rio Branco foi construída, propositalmente, com alguns metros a mais do que a avenida principal de Buenos Aires, na época (sim, é briga antiga), e mais algumas coisinhas inúteis, mas que são divertidas de lembrar nos momentos oportunos. Ok, de vez em quando vejo que sei algumas coisas que aprendi nessas aulas, mas só sobre as áreas da história que já me interessavam. E mesmo assim me assusto quando lembro que sei dessas coisas.

Bem 3 anos ou 6 períodos e pouquíssimas matérias cursadas depois, aceitei o óbvio: não tinha como eu continuar ali. Teria mais alguns períodos antes de terminar, não queria viver daquilo para o resto da vida, e história seria um lindo e agradável hobbie. Também desisti do cinema e fui para jornalismo, onde estou até hoje.

"Mas você largou UFRJ para ir para faculdade particulaaarrr?"

Queridos, nem minha mãe aceitou isso direito até hoje, 4 anos depois ("Essa é minha filha. Ela fazia história na UFRJ - pausa dramática - não faz mais"). O cara que me atendeu no consulado, quando fui tirar visto, me fez essa mesma pergunta (beleza, larguei uma faculdade e fui para outra com "menos nome", mas isso faz de mim uma possível ameaça aos EUA??? Continuo achando que não, e que isso não era na conta dele, mas, enfim...). Em todas as entrevistas para estágio/emprego que fiz, me perguntaram a mesma coisa.

Há pouco tempo encontrei uma prima que mora em Brasília, essa sim, quase uma historiadora, e muito realizada. O namorado dela a perguntou (tchanãm!! adivinhem!!) porque eu larguei história. Ela, com toda autoriadade de causa, respondeu: "Porque história é, em sua maioria, muito chato. E porque 98% dos historiadores são malas."

A MELHOR resposta!! È tipo isso mesmo!!

Na atual faculdade, tenho algumas aulas que falam muito de história. Adoro. Mesmo! Porque dessa vez só falamos das partes realmente interessantes, e me sinto voltando à algo que não queria abandonar completamente, saca?! Fora que os mini-marx'ses' não mais me perseguem! Ufa..

E, vai... Três anos nem é tanto tempo assim para descobrir um hobbie, é?!?!

Só para constar: "Adeus, Lênin" é um excelente filme! Fala de uma maneira divertidíssima do fim da RDA (quando meus coleguinhas ifcsianos vieram para o Brasil, aparentemente), o os efeitos daquele lado do muro. Fica a dica! ;)

domingo, 24 de agosto de 2008

O Futebol


"Para captar o visual
De um chute a gol
E a emoção
Da idéia quando ginga"

O Futebol - Chico Buarque


Sou uma menina que gosta de futebol. Desde mais nova, sempre gostei, e de uns tempos para cá, passei também a acompanhar. E por mais que seja normal "uma menina que gosta de futebol", ainda encontro umas expressões de surpresa quando entro nesse assunto.

Ah, deixa eu avisar logo que não entendo muito, não. Sei ver o jogo todinho, direitinho, sem perguntas idiotas ou nada irritante. Mas estou longe de ser daquelas enciclopédias que lembram do primeiro time do São Cristóvão, inclusive dos reservas, ou que entendem essa dança de clubes que os jogadores e técnicos fazem. O cara pode estar no meu time hoje, e se for para outro amanhã, COM CERTEZA eu não vou lembrar, nem adianta.

Isso posto, voltando...

Meu pai é flamenguista doente, e me leva ao Maracanã desde os meu 5 aninhos de idade! PORRA NENHUMA!!!! Tanto mamãe, como o papai CAGAM para futebol. Sério, minhas lembranças de infância que envolvem futebol se resumem a Copa do Mundo, mesmo assim, mais pelo evento do que pelos jogos.

Por algum motivo desconhecido, comecei a achar esse jogo legal (nunca quis fazer parte dele, só assistir já está de bom tamanho). E sempre fui flamenguista, escolha minha e somente minha. E nunca mudei de idéia.

Por ironia de destino, estou sempre com um grupo de amigos de poucas meninas e muitos meninos. E de todos eles, apenas UM gosta de futebol. Sim, sou amiga de uma parte daquela parcela ínfima de meninos que CAGAM para futebol. O que já me fez atravessar a rua porque no bar da frente estava passando o jogo. E fiquei lá, sozinha. Simplesmente porque meus amigos cagam para isso, e eu não. (Justiça seja feita, também tenho muitos amigos bem mais viciados do que essa mera apreciadora, mas eles são normais, porra)

Em 2005 fui, pela primeira vez, ao Maracanã ver meu time jogar. Não, não foi meu pai que me levou, foi um amigo meu. Era Copa do Brasil, Flamengo x ABC de Natal (juro!!), Lógico que foi também a primeira vez que vi um gol do Flamengo ao vivo. E a segunda.. e a terceira... e a quarta! (oi? ABC de Natal, né?!?!). Mesmo assim, Maraca vazio, torcida calminha... um bom início.

Puta merda, viciei!! Depois desse, e com outros e diversos amigos (de novo, sou menina e só vou se tiver meninos me acompanhando), acompanhei todo o resto do campeonato. Na final, Flamengo e Vasco, estádio lotaaaaaaaado, as torcidas num embate liiindo antes do jogo (atenção: EMbate é diferente de COMbate, tenho pânico de brigas).

Bandeirões estendidos, milhares de vozes cantando, tensão máxima rolando. Já tinha aprendido que o jeito certo de ver jogo no estádio é gritando e xingando. Logo, meu comportamento foi bem parecido de um molequinho que sabe muitos palavrões! Dessa vez eu tava com meu pai, e acho que ele se assustou. Falei que de outro jeito, nem tinha graça! =)

Vi os dois jogos finais, vi meu time ser campeão em cima de seu maior rival, vi que aquilo ali era uma válvula de escape perfeita. Tipo, já saí do trabalho, p*uta e estressada, e liguei para o Amigo-Flamenguista-Doente: "Tô saindo do trabalho, meu dia foi uma merda, tô puta e quero mandar muitas pessoas tomarem no cu. Bora no jogo??" Ao amigo (dele) preocupado por ter que carregar mulher para o estádio, ele logo disse que eu sabia como era, não enchia o saco e não fazia comentários idiotas. Iei! O garoto se mostrou aliviado..Enfim, fomos. E no dia seguinte eu era a pessoa mais tranquila (e sem voz) do mundo.

Minha mãe não entendia porque vejo, e em alguma situações torço, para jogos como Corinthians e Sport. Ou saio dizendo que vou ver o jogo do Fluminense no bar... Ela continua não entendendo, mas já aceitou. Poxa, gosto de saber o que tá acontecendo, gosto de poder falar mal de outros times (e do meu, o que tem se mostrado mais necessário do que eu gostaria), e gosto de não ficar totalmente entediada nas sempre presentes conversas sobre futebol.

Digam o que disserem, estar lá no meio, gritando o hino do seu time, comemorar o gol e sair do Maraca (oi? sou carioca e flamenguista, e não preciso conhecer nenhum outro estádio) na euforia que só uma vitória proporciona é um momento único e nada substitui isso.


Ah, para provar que Murphy existe e é meu amigo, tenho um namorado que também adora futebol e é... vascaíno. Ok, podemos conversar ( e tirar minhas sempre presentes dúvidas), ver jogos e talz... Mas acho que arrastar ele para ir comigo na minha torcida vai ser meio difícil. E não, não existe possibilidade de um dos dois virar a casaca. Tem que rolar uma diplomacia forte nos momentos complicados...

E me deu vontade de falar disso porque lá se vão muitos meses desde a última vez que pisei na torcida (não, não vou em torcida organizada. Já disse que tenho pânico de brigas). E tô com uma puta saudade!

Muita paixão

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

1/2 Full

É normal todo mundo se empolgar com as Olimpíadas. É normal a mídia inventar cerca de dez "novas
grandes promessas de medalhas" a cada quatro anos. Mesmo, normal! Devem se basear nos campeonatos
mundiais e Pan Americanos, ou outras competições das quais não tenho notícia (sorry, sou uma garota que gosta de futebol, então só tento acompanhar esses campeonatos .. ok, assunto para outro dia). Ah, e também não acredito muito no Pan, não... Sei lá, faltam aqueles países fodaços que levam todas...
Mas não adianta: não acho normal esse conformismo da imprensa com colocações abaixo do "prometido". Olhe bem: da imprensa! Pelamordedeus, longe de mim criticar os atletas que fizeram muito mais do que eu jamais vou fazer, e que têm, naqueles instantes, os mais importantes de suas vidas. Ok, explicando melhor...
O time brasileiro de basquete ficar em quarto ou quinto lugar, beleza, já que não é tradição...(aliás, teve basquete brasileiro dessa vez?? Confesso que nem sei). Se na ginástica olímpica também não foi melhor, também tá valendo... Bem ou mal, foi só de uns tempos para cá que começou essa empolgação toda com esses saltos.
Mas, disputar bronze no futebol ( diga-se de passagem, com direito a derrota para a Argentina!), e achar que já está de bom tamanho?? Ahhhhh, não!!! Porra, é futebol. Repito, FU-TE-BOL!!! Não é a paixão nacional?? Esporte símbolo do Brasil??? E agora querem me dizer que a possibilidade de levar o terceiro lugar, contra times que não contam com seus melhores jogadores (descobri esse ano que rola um lance de idade..), é válido?? PORRA NENHUMA!!
Volêi de Praia. Duplas brasileiras perderam contra duplas que representam países que não têm... praia! Hein!? É tipo a equipe canadense de hóquei no gelo perder para a equipe jamaicana. Faz sentido?? Não!! Não adianta, até engulo um segundo lugar.. menos que isso, sei não.
Mais uma vez: não tô reclamando dos atletas que passaram por isso. Aliás, tenho certeza de que eles estão 457 vezes mais chateados do que o resto do país. A cara das meninas do futebol recebendo a medalha de prata já disse tudo. Elas chorando horrores, arrasadas, e o som vindo do estúdio gritando "É Praaaata!! É praaaata!!", e elas chorando.. Era a euforia tentando ser maior do que a decepção.
Realmente acredito que todo mundo ali deu o melhor que podia, só que, infelizmente, não foi como eles esperavam.
Durante meses antes do início das Olimpíadas, os jornalistas jogam nas costas dessas pessoas a responsabilidade de trazerem medalhas "para nós" ("nós" quem, cara pálida?? nunca vi uma medalha olímpica na vida!). E jogam para o resto do país a idéia de que "podemos" ser um país de grande força nos jogos.
E depois vêm querer que a gente se conforme?? E se conforme com promessas que nos foram dadas por eles, que não entram na competição em momento algum, em nome de terceiros (que esses, sim, dão tudo o que podem só por estar ali)??
Ninguém tem que cobrar nada dos participantes. Mesmo. Ninguém tem esse direito! Só acho que os jornalistas podiam ter um pouco de vergonha na cara, e admitir que perder esse tanto de possiveis medalhas é siiiiim, uma meeeeerda!! E que os atletas têm siiiiim, tooodo o direito de ficarem mega chateados e reclamarem e xingarem as mães de seus oponentes!! Galera, decepção também deve fazer parte, não?!?!
Agora, deixa eu ir. Amanhã tem semi-final do volei masculino, e é uma das promessas, não é?!
Sim, eu reclamo, mas caio em todas. Já não confio mais no que os jornalistas que estão lá em Pequim me dizem, mas a vontade que eu vejo dentro das quadras me faz continuar acreditando.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Testando...

...testando.. 1, 2, 3!

Começou!!